Depois de muito pensar, e refletir, e procurar respostas decidi trancar o meu curso. Por que? Bem, é simples, não nasci para ser secretária, e ponto.
Mas o interessante mesmo foi a sensação. Lá, sentada naquela sala de vidro, olhando o noticiário da tv americana, olhando as pessoas com brilho nos olhos por quererem crescer, olhando os funcionários simpáticos, olhando os alunos andando com pressa em busca de sua sala, fiquei comovida. Como eu amo aquele lugar e tudo que há nele!
Eu gosto do cheiro, eu gosto do peso agradável que é ser um universitário, eu gosto de como as pessoas sorriem, eu gosto de como elas tem um olhar desafiador pra vida, eu gosto do grupinho de amigos que se reúne na cantina e dão boas risadas como se estar ali não envolvesse o peso de ser dono da própria vida. Eu gosto de coisas menores que me causam uma profundeza gigante, como por exemplo, aquelas paredes, paredes essas que são testemunhas de grandes sonhos e pesadelos; gosto da inteligencia que aqueles bancos sugerem; gosto dos sucos, em especial do de açaí; gosto da biblioteca; gosto do lugar que mais me trazia a impressão de estar no melhor lugar do mundo, a sala de vídeo, era simples e encantador sentar naquele sofá e assistir a sessão da tarde, rir e chorar sozinha.
Gosto de lá por muitos motivos, mas o maior de todos é porque ali, diante de tudo e todos, tive os meus maiores sonhos e vi cada um deles se realizar pouco a pouco.
E sim, mesmo gostando tanto, existem coisas fora de lá que gosto muito mais e por isso estou caindo fora.
Tudo isso me trouxe também a sensação de não ter aproveitado como se deve, o que me trouxe uma emoção mais profunda de não ter aproveitado quase nada da minha vida como se deve. E aí vem o mais bonito de tudo: a partir daquele dia em diante, prometo, prometo mesmo, juro juradinho, que vou aproveitar as coisas, vou conhecer as pessoas, vou agarrar tudo como se fosse uma chance única. Vai ser baseado naquela história de viver como se fosse o último dia...
